QUAL É O ASSUNTO MESMO?

Áudio: O EXECUTIVO

Na manhã da última quinta-feira, um dos consultores que acompanho para meus investimentos, Gregory Mannarino, criticava a postura favorável de Donald Trump a que os Estados Unidos se tornassem a capital das criptomoedas. Idéia, aliás, encampada por Kamala Harris, sua inimiga na luta pela presidência do país.

Greg não é contrário às criptos, mas ele demonstra que o mais importante é o país voltar ao dinheiro constitucional.

À noite, ele novamente falou sobre o assunto usando o mesmo termo.

Para sua surpresa, algumas pessoas começaram a perguntar no chat: o que é dinheiro constitucional?

Este é um dos maiores problemas de nosso tempo: o desejo das pessoas de participarem das conversas sobre todos os temas achando que o diálogo por si só produz conhecimento.

QUANDO 3 VENCEM 100

Lembro-me de um vídeo no youtube de 3 jogadores profissionais de futebol contra 100 crianças. Não preciso dizer que os três dominavam totalmente o jogo e as crianças eram incapazes sequer de tocar na bola.

No mundo das idéias é impressionante como temos o desejo incontrolável – sim, eu também tenho – de falarmos sobre todos os assuntos, achando que isso é positivo.

Ao final, assim como as crianças, todos corremos felizes para um lado e para o outro do campo, mas quem domina a bola e faz gols são poucos, muito poucos.

O fato é que, se desejarmos verdadeiramente conhecer algo e participarmos do jogo, a principal habilidade a desenvolver é a humildade de encontrar quem possa nos ensinar.

É evidente que esse indivíduo tem de ser estudioso e conhecedor do assunto – e, é claro ter a boa vontade de nos ensinar sem segundas intenções.

PARA APRENDER

Entretanto, como adultos, para aprendermos precisamos de mais duas capacidades: suspensão da descrença e reflexão.

SUSPENSÃO DA DESCRENÇA

Imagine que você vai assistir a um dos episódios de Guerra nas Estrelas e quando um dos Jedis liga seu sabre de luz você pensa: é só um efeito especial.

Ou seja, a menos que você seja um chato de galocha, você assiste a um filme acreditando em tudo que está acontecendo. É isso que se chama de suspensão da descrença.

REFLEXÃO

É claro que, quando ele termina, você faz sua crítica, suas reflexões, associações e vê analogias, metáforas, verdades e mentiras em relação à realidade.

Mas, primeiro você tem de assistir ao filme acreditando nele.

Quantas vezes observo que as pessoas falam sem terem assistido ao filme. Ou seja, consideram a conversa mais importante do que o conteúdo, o aprendizado e o entendimento do que é falado.

Você também vê isso?

SELEÇÃO DOS MESTRES

É a partir da coleção desse conteúdo e de sua reflexão a respeito que você vai tirando suas conclusões sobre o tema e de quem são os verdadeiros mestres.

Portanto, ao longo do tempo, vou mantendo entre aqueles que escuto, somente os que se mostram conhecedores profundos e que mais acertam do que erram em suas previsões.

Em geral, são aqueles que conhecem a história do tema, seus dilemas, paradoxos, conflitos e verdades.

Esses são os sábios e que deveriam ser ouvidos com mais frequência.

Mas, como hoje as pessoas se preocupam mais com a embalagem do diálogo do que com seu conteúdo, acabam por ouvir fanfarrões, que são hábeis com as palavras, com técnicas messiânicas de persuasão, e seus ouvintes terminam como as crianças que correm o campo todo e saem do jogo felizes e cansadas, sem saber que perderam a partida.

E NAS EMPRESAS?

No mundo executivo teríamos resultados melhores se aqueles que sabem com profundidade sobre sua área de atuação se interessassem em aprender a se comunicar melhor e a não deixar espaço para os fanfarrões.

Em minha experiência, já treinei diretores financeiros que haviam contribuído com resultados espetaculares, mas tinham enorme dificuldade para ordenar suas idéias, controlar posturas, gestos e emoções, e dialogar com os acionistas, presenciais e online, no momento de apresentar os resultados da empresa. Isso minava sua credibilidade.

Afinal, depois de décadas estudando e aprendendo sobre finanças, quem pode ter tempo para ser um mestre em sua comunicação? É um desafio.

INCONSTITUCIONAL

Para não deixar você sem o conhecimento a respeito do tema do início do texto, a Constituição Americana estabelece na Seção X, sobre o poder legislativo que, “Nenhum Estado pode… autorizar o uso de qualquer coisa que não seja ouro e prata para saldar dívidas”.

Portanto, o dólar foi transformado em uma moeda inconstitucional quando Richard Nixon, presidente americano, em 15 de agosto de 1971, estabeleceu a quebra da paridade entre dólar e ouro.

Se os indivíduos eleitos e nomeados que exercem o poder nos Estados Unidos não cumprem sua Constituição, imagine os brasileiros.

Por isso a convocação de Gregory Mannarino para voltarmos ao dinheiro constitucional descortinou a gravidade das pessoas não entenderem o que isso significa. Estamos em um momento profundamente deturpado nas finanças de todos os países, uma vez que a principal moeda de trocas internacionais é uma fraude segundo a própria Constituição do país que a emite.

Por esse exemplo, vemos que o mais importante é você saber do que está sendo conversado e, preferencialmente, ouvir muito, antes de começar a falar.

Pois é com essa paciência, humildade e perseverança que conseguirá ver com clareza o seu contexto e tomar as decisões mais acertadas para seus negócios e carreira.

Conte comigo para isso e vamos em frente!

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