Em visita à Escócia, em 2011, lembro-me que minha esposa e eu ouvimos uma palestra a respeito da luta deste país para manter-se independente durante os séculos XIII e XIV. Dizia o orador que a Inglaterra gastou mais dinheiro para lutar contra a Escócia do que contra qualquer outro país, incluindo a Alemanha nas duas Guerras Mundiais.
A história é recheada de episódios como este.
Da revolução americana à batalha de Pirajá, um tema comum às guerras é a luta pela independência.
Também nesta mesma viagem surpreendeu-me certos monumentos em homenagem aos soldados mortos em batalhas. Ao ler os livros que os identificavam, vi que a maioria tinha menos de 21 anos no dia de sua morte.
Jovens que morreram pela independência.
Dependência ou morte?
Vivemos um momento singular e preocupante que é a luta pela dependência. Esta luta é feita de maneira camuflada e com vernizes diferentes que procuram dignificar aqueles que participam de arremedos de batalhas.
A origem dessas pseudobatalhas são dignas e corretas: direito à escolha dos governantes pelo voto direto e direitos trabalhistas, por exemplo.
Entretanto, após um século, a luta por direitos tornou-se anacrônica. Pois, eles se tornaram aberrações e a liberdade começou a ser trocada por vícios.
Uma aberração é a punição a juízes no Brasil. Pois, mesmo que um juiz cometa um crime grave, o máximo de punição a que ele será condenado não incluirá a perda da aposentadoria. Em alguns casos, a aposentadoria compulsória será a punição.
Um caso da venda da liberdade por um vício ocorreu no início do século passado, nos Estados Unidos, quando a empresa Lucky Strike vendeu para as mulheres a idéia de que ser livre era fumar. Seu faturamento praticamente dobrou nos anos seguintes.
Síndrome
Hoje, o que chamo de “a síndrome dos direitos adquiridos” cria uma dependência dos indivíduos em relação ao Estado que é, no mínimo, arriscada: aposentadorias, quotas, piso salarial, reservas de mercado, socorros econômicos e toda sorte de laços que geram tensões provocadas por injustiças decorrentes de tais decisões.
Um exemplo é o que acontece quando grandes empresas são socorridas financeiramente pelos governos do mundo, em detrimento aos pequenos negócios e autônomos legalmente estabelecidos, que são largados à sua própria sorte em meio à crise.
Isso sem falar nas demandas incoerentes solicitadas pelo Estado para uma suposta proteção ao vírus chinês: quarentena, máscaras quando estiver de pé (mas não sentado), medida de temperatura, álcool gel etc. Além, é claro, da invenção de uma vacina para sermos livres de tudo isso.
Leis não substituem a moralidade
Todas essas lutas por dependência têm criado pessoas fracas, especialmente jovens. Há uma presunção de que os Estados são intrinsicamente bons e que, em vez de moralidade, as pessoas precisam apenas das leis adequadas para viverem melhor. Leis que serão supervisionadas e impostas pelos próprios Estados.
Entretanto, os grupos que sugerem tais leis e sua aplicação nunca são os mesmos que escolhemos para este fim. Por exemplo: votamos em deputados, senadores, presidente, prefeitos, governadores etc. E vemos infectologistas, cientistas, técnicos e médicos proporem e serem atendidos pelo Estado para a criação de leis e decretos que cancelam a Constituição, as leis morais e mesmo as leis de Deus.
E tudo de um modo disfarçado de racionalidade e alta moralidade.
Por exemplo: seja vacinado para o bem de todos. Quão inconstitucional e imoral é essa proposição. Ela é uma ordem sem discussão profunda, imposta a todos por um reduzidíssimo grupo de indivíduos e que não respeita nenhuma lei pregressa. Para piorar, exime os fabricantes de qualquer responsabilidade pela morte ou sequela de quem vier a tomar a vacina.
Quando a solução é pior que o problema
Aquilo que é uma proposição boa para um infectologista aplicar em um hospital, é um desastre econômico e psicológico se aplicada em um país.
Governar é fazer escolhas e, por vezes, nenhuma delas é isenta de consequências severas.
Como mencionei, a luta pela dependência não é apresentada deste modo às pessoas, mas de maneira embelezada. Ela é um desrespeito aos homens que deram suas vidas em guerras pela liberdade, e a nossos antepassados que, devido a conflitos, declínios econômicos e doenças, aceitaram sua sorte, foram fortes, muitos morreram e também muitos migraram, reconstruíram suas vidas e perseveraram.
Mas, nunca sucumbiram ao desejo de esperar do Estado segurança em troca de sua liberdade.