ESTÁ FALTANDO O BÁSICO NAS RELAÇÕES HUMANAS

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ESTÁ FALTANDO O BÁSICO NAS RELAÇÕES HUMANAS

Áudio: O EXECUTIVO

O que está dificultando a liderança nas empresas? Falta de foco? Resiliência? Tornar-se anti-frágil? Diversidade?

Eu estava no Shopping Eldorado engraxando meu sapato no fim de um dia difícil – precisando espairecer – e conversava com o engraxate que supreendentemente me falava sobre sua experiência de ter trabalhado com políticos em Pernambuco.

De repente, uma mulher se aproximou e interrompeu abruptamente nossa conversa perguntando:

– Onde fica o caixa eletrônico?

O engraxate, um senhor de 67 anos, olhou para ela e respondeu:

– No fim do corredor à esquerda.

A mulher partiu sem dizer nada.

O engraxate, homem simples, mas vivido, virou-se para mim e disse pensativo, referindo-se ao comportamento inoportuno dela:

– Sem “com licença” … sem “obrigado” …

E, voltamos para nossa conversa.

Fiquei a pensar sobre o que está acontecendo com as pessoas na civilização moderna.

Nas redes sociais há inúmeras orientações de como emagrecer, fazer seu intestino funcionar comendo mais fibras, relaxar e, é claro, restaurantes e viagens. Além de uma avalanche de mensagens de coaches, mentores, filósofos, psicólogos de como ficar rico, viver melhor, ser feliz, ter paz e concentração.

Enfim… é uma série de proposições para uma vida bem complexa.

Mas, não existe muitas orientações sobre como ser mais educado, ou como obedecer a seu chefe.

O impacto disso nas organizações é um empobrecimento das relações humanas e que são a base das empresas – afinal, como lembra Simon Sinek: “100% dos seus clientes são pessoas e 100% dos seus funcionários são pessoas. Portanto, se você não entende de pessoas, não entende de negócios”.

Mas, isso vale somente para a diretoria? Ou todo o corpo de funcionários também está precisando ser lembrado sobre estes temas?

Afinal, desde que me certifiquei como coach executivo, há mais de 20 anos, a expectativa é de que falaria nas reuniões sobre decisões estratégicas, como aumentar receitas, como comunicar melhor e ter maiores resultados, foco, alto desempenho e temas correlatos.

E, no entanto, o que temos de lidar com frequência é com assuntos como:

Como lidar com funcionário problemático?

Como diminuir as fofocas no trabalho?

Como aguentar chefe psicopata?

Como lidar com pessoas com desequilíbrio emocional?

Como ser respeitado? … e assim por diante em uma lista de temas verdadeiramente deprimentes.

Então não seria o momento de um apelo para voltarmos ao básico do que as famílias e escolas deveriam entregar de profissionais para as empresas?

A humanização do ambiente de trabalho, por acaso, não dependenderia de retornarmos a esse básico das relações humanas?

Penso que sim.

VONTADE E INTENÇÃO DE TRABALHAR

Eu começaria este básico com a elevação da consciência de que precisamos ter vontade e intenção de focarmos nosso trabalho, nossas responsabilidades com os prazos, os demais departamentos e as pessoas.

Meu avô era um administrador de fazenda entre 1940 e 1960. Homem muito simples e correto. Severo nas cobranças e animado na hora de contar uma piada. Nunca reclamava de nenhuma adversidade, mesmo quando enfrentou um câncer no fim de sua vida, e mostrava com seu exemplo e palavras que trabalhar mal ou ser preguiçoso era uma forma de roubo.

Portanto, este comportamento deveria ser evitado a todo custo.

Hoje vejo com preocupação profissionais serem desleixados, indolentes e até mesmo tratarem mal ao cliente porque estão estressados e cansados.

Se você for esperar as condições ideais para fazer seu trabalho com excelência, é evidente que sempre será frustrado.

Como mencionei em textos anteriores, um comentário de Dácio Campos a respeito dos campeões de tênis: “O campeão é capaz de ganhar o jogo mesmo quando joga mal pois nem sempre estará no melhor das condições físicas e psicológicas.”

SEJA EDUCADO

Outro ponto importante é o fomento da cortesia e educação entre todos.

Nem me passa pela cabeça chamar minha mãe de você. É sempre senhora. Procuro tratar a todos com o máximo respeito, principalmente a familiares. E mesmo assim, as vezes, falho.

Mas, quando no dia a dia vejo o quão rude alguém pode ser, não me surpreendo em ver pessoas tão desanimadas e indiferentes ao sofrimento dos demais ao seu redor.

Afinal, a qualidade de vida é diretamente proporcional à qualidade dos diálogos que uma pessoa tem no ambiente de trabalho.

Chefes rudes, conversas ríspidas e desrespeitosas formam uma atmosfera que drena a energia de todos.

Assim como a mulher no começo do texto, a falta que faz expressões simples no quotidiano como “com licença”, “por favor” e “obrigado”, provoca um vazio de pequenas gentilezas, mas que fazem grande diferença nas relações.

Um executivo deve ter ainda mais paciência com seu time e compreender que é um exemplo e educador para todos que estão abaixo dele.

É neste sentido que uso o termo Líder Transformador, isto é, aquele que transforma as pessoas por suas palavras e exemplo.

Quem educa tem o direito de liderar aqueles que educa e se você educar mal, terá um time ruim para liderar.

Líderes perversos, grosseiros e centralizadores, acabam com um time de pessoas resignadas e frustradas, que não fazem nada além do que são mandadas.

ACABE COM AS FOFOCAS

Por último, nada enfraquece mais a cultura organizacional do que as fofocas.

É aquela conversa de opiniões que não gera ações na direção do resultado desejado, mas que transforma profissionais e gestores em comentaristas sobre outras pessoas.

Assim como em um estádio, você pode ter 30.000 pessoas na arquibancada opinando sobre o jogo e nenhuma será capaz de fazer gol, na empresa, somente aqueles que estão genuinamente refletindo e criando ações para atender aos clientes e gerar resultados aos acionistas é que estão no jogo.

Portanto, antes de falar sobre alguém pense se você não está participando de uma fofoca e afaste-se daqueles que o fazem. Esta é uma conversa perversa, maliciosa e destrutiva das relações. Pior ainda quando fomentada por executivos.

A vida humana é cheia de paradoxos, misérias e pecados. Ninguém precisa ouvir sobre isso mais do que sua própria existência revela. É a luta para, apesar disso, procurarmos nos elevar, trabalhar e acrescentar algo de positivo aos nossos colegas, clientes e empresas que nos faz relevantes em nossas profissões e para as pessoas que nos cercam.

No fundo somos o eco da desobediência de Eva, da fraqueza de Adão e da falta de respeito de ambos para com Deus.

O remédio para minimizarmos esses e tantos outros assuntos desagradáveis na vida profissional está em nos mirarmos no homem do campo. Ele sabe que são as escolhas das boas sementes, o cuidado com a terra e a remoção do joio que fará a boa colheita acontecer.

E mesmo quando a colheita não é boa, ele semeará de novo por toda a vida.

Sejamos do mesmo modo conscientes de nosso papel, pacientes com as pessoas, e resilientes para não nos deixarmos abater com esses indivíduos dessa civilização perversa que nos cerca.

Se quisermos ser realmente agentes de mudança para que as pessoas voltem a ser mais civilizadas, teremos de olhar para nós mesmos, sermos a referência do que desejamos ver no mundo e perseverarmos.

Conte comigo para isso e vamos em frente!


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Silvio Celestino

Sócio-diretor da Alliance Coaching

Autor do livro: O LÍDER TRANSFORMADOR, como transformar pessoas em líderes

silvio.celestino@alliancecoaching.com.br